# 63 Lucília de Jesus Caetano
Lucília de Jesus Caetano | Professora Catedrática Aposentada
Nome – Lucília de Jesus Caetano
Naturalidade – Coimbra
Idade – 79 anos
Formação académica – Agregação em Geografia
Ocupação Profissional – Professora Catedrática Aposentada
1 – Comentário a um livro que a marcou ou cuja leitura recomenda.
O ZAHIR (uma publicação da Editora Pergaminho, de 2005) da autoria de Paulo Coelho, escritor brasileiro, prestigiado e diversas vezes galardoado, nascido a 1947, no Rio de Janeiro, e cuja escrita aprecio particularmente. Esta obra, ficcionada, retrata os dramas vividos pela sociedade iraquiana, na sequência da guerra e, simultaneamente, reflete sobre as relações humanas e a liberdade, considerando-os como bens preciosos. E que reli, nestes tempos conturbados que nos oprimem. Leituras, não recomendo, pois não me considero boa conselheira. As minhas escolhas dependem, muito, dos meus estados de alma.
2 – Que significado e que relevância tem, no que fez e no que faz, assim como no dia-a-dia, ser Geógrafa.
O facto de ser Geógrafa faz de mim uma permanente observadora do que se na sociedade e na natureza, nas suas diversificadas vertentes, e uma vontade insaciável de as interpretar.
3 – Na interação que estabelece com parceiros no exercício da sua atividade, é reconhecida a sua formação em Geografia? De que forma e como se expressa esse reconhecimento?
Não é fácil responder a esta questão. Mas a sensação que tenho é que o “saber” e o “valor” do Geógrafo, não é, ainda, reconhecido, pela sociedade, em geral. Em diversas situações fui interpretada, como engenheira!
4 - O que diria a um jovem, à entrada na universidade, a propósito da formação universitária em Geografia, sobre as perspetivas para um Geógrafo na sociedade do futuro? E a um Geógrafo a propósito das perspetivas, responsabilidades e oportunidades?
A formação, em Geografia, contempla um vasto campo de saberes que refletem a interação entre o Ser Humano e o Meio. Neste contexto, são inúmeras as Ciências a que o Geógrafo recorre no decurso da sua formação. Este facto proporciona, ao Geógrafo, uma permanente aprendizagem de um vasto leque de saberes científicos e técnicos. Consequentemente, o Geógrafo tem potencialidades para ser um agente e, simultaneamente ator, responsável e interventivo na sociedade, concorrendo, decisivamente, para um desenvolvimento sustentável (amigo do ambiente), coeso e com equidade.
5 – Queríamos pedir-lhe que escolha um acontecimento recente, ou um tema atual, podendo ambos ser de âmbito nacional ou internacional. Apresente-nos esse acontecimento ou tema, explique as razões da sua escolha, e comente-o, tendo em conta, em particular, a sua perspetiva e análise, como Geógrafo.
Neste domínio, há duas questões que destaco: a PANDEMIA COVID 19 e os fenómenos decorrentes das Alterações Climáticas. A primeira, ocorre 100 anos depois da “Gripe Espanhola”, igualmente Pandémica, e veio evidenciar, mais uma vez, o quanto é vulnerável a natureza humana e, simultaneamente, as desigualdades entre países ricos e países pobres. As consequências demográficas, sociais e económicas estão a ser, em diversas Geografias e estratos da população (com o aumento e agravamento da pobreza), devastadoras. O, pós, PANDEMIA, dará lugar a um novo “Mundo”? A segunda, traduz-se a um ritmo variável, porém, continuado: o recuo dos glaciares, os fenómenos atmosféricos extremos, as mudanças de comportamento dos seres vivos (fauna e flora). E, perante estes, o cidadão não pode ficar indiferente. Os acontecimentos, reportados nas últimas décadas, obrigam a intervenções urgentes no domínio da preservação da qualidade ambiental.
6 – Que lugar recomendaria para saída de campo em Portugal? Porquê?
Neste âmbito, sugiro as Minas da Panasqueira, com extração de volframite. As razões decorrem da atualidade do tema, ou seja, a exploração mineira, e na sequência da prevista exploração do lítio no Barroso. Para além disto, as Minas da Panasqueira, ainda em atividade, permitem reflexões geográficas diversificadas: Geografia Física (recursos geológicos, morfologia, impactos paisagísticos e ambientais); Geografia Humana (impactos demográficos, correlacionados com movimentos migratórios dos mineiros); Geografia Económica (exploração e exportação de uma matéria-prima, que não induziu a fixação de indústrias que transformassem este recurso, pois apenas se procede à lavagem do minério e separação da ganga, no próprio local). E, finalmente, evolução, no tempo, da situação social e económico-financeira da exploração deste minério metálico e consequente impacto regional e nacional.