# 62 Jaime Manuel Coelho Maia
Jaime Manuel Coelho Maia | Responsável pelos Serviços das Tecnologias da Informação e Informática do Município de Anadia
Nome: Jaime Manuel Coelho Maia
Naturalidade: Arcos, Anadia
Idade: 60 anos
Formação académica: Licenciatura em Geografia
Ocupação Profissional: Responsável pelos Serviços das Tecnologias da Informação e Informática do Município de Anadia
1 - Comentário a um livro que o marcou ou cuja leitura recomende.
São dois, os livros que recomendo:
- “História do Japão”, de Kenneth Henshall, pela facilidade com que prende o leitor à narrativa, transportando-o para a realidade económica e social muito diferente da cultura japonesa, vista através da perspetiva ocidental, e pela descrição que faz, não só da história das classes dominantes do Japão, mas também da forma como o povo comum vive os acontecimentos do dia-a-dia e a sua ligação ao mundo natural.
- “Sermões”, do Padre António Vieira, coletânea em que se destaca o “Sermão de Santo António” (1654), lembrando leitura de tempos da escola, rica em figuras de estilo, pela sua atualidade e pelo alerta para a nossa sociedade da necessidade de reforçar os seus valores.
2 - Que significado e que relevância tem, no que fez e no que faz, assim como no dia-a-dia, ser geógrafo?
A formação de uma pessoa, quer do ponto de vista ético, dos valores morais, quer dos valores profissionais, tem muito que ver com o seu percurso académico. Para mim, foi uma janela de oportunidade, ter tido a sorte de cursar Geografia em Coimbra, e ter um conjunto de professores e colegas que contribuíram para enriquecer este meu percurso de vida.
3 - Na interação que estabelece com parceiros no exercício da sua atividade, é reconhecida a sua formação em Geografia? De que forma e como se expressa esse reconhecimento?
No início da minha carreira profissional tive a oportunidade de usar os conhecimentos e as ferramentas que me foram transmitidos na Faculdade, pois estive durante alguns anos ligado à vertente geográfica do planeamento, dando os meus contributos para os chamados “planos diretores municipais”. Foi também aqui que desenvolvi a minha apetência para as ferramentas informáticas de análise espacial, que na altura começavam a tomar o seu lugar na avaliação e planeamento da gestão do território. Atualmente e por motivos profissionais, o papel do geógrafo deu lugar ao gestor de sistemas informáticos, mas é com alguma nostalgia que lembro os “velhos tempos”. ~
4 - O que diria a um jovem à entrada da universidade a propósito da formação universitária em Geografia, sobre as perspetivas para um geógrafo na sociedade do futuro? E a um geógrafo a propósito das perspetivas, responsabilidades e oportunidades?
Infelizmente, não segui os conselhos que me foram dados pela minha professora, que muito estimava, Prof.ª Dra. Lucília de Jesus Caetano, que à época lecionava a cadeira que abordava o tema da geografia industrial, e fui-me afastando da Faculdade e dos amigos que em tempo de estudante, lá reuni. Para os novos colegas, a dica que poderei dar, é que a tendência atual para a especialização do conhecimento na área do planeamento, com informáticos, arquitetos, engenheiros civis, etc., necessita de pessoas que reúnam os dados que fundamentem uma visão integrada de boa gestão territorial, de modo a ajudar os responsáveis a encontrarem as boas decisões para a vida das pessoas e da sociedade. Para esse lugar, nada melhor que um Geógrafo.
5 - Queríamos pedir-lhe que escolha um acontecimento recente, ou um tema atual, podendo ambos ser de âmbito nacional ou internacional. Apresente-nos esse acontecimento ou tema, explique as razões da sua escolha, e comente-o, tendo em conta em particular a sua perspectiva e análise como geógrafo.
O acontecimento atual que escolho e que sempre está presente no pensamento das pessoas, é a pandemia do Coronavírus COVID-19. Julgo que a melhor perspetiva que se pode ter, é pensar que felizmente estamos no século XXI, e que é possível alcançar uma resposta para este problema global. A imposição de regras de carácter restritivo à circulação e de reunião das pessoas, como uma das formas de defesa desta pandemia, deverá ser sempre encarada como uma situação transitória e a solução será acatar os conselhos que os verdadeiros especialistas nos dão. O papel da geografia e dos geógrafos é muito importante para a gestão desta pandemia, pois poderá fundamentar a escolha e o nível da gravidade das decisões que são tomadas para a saúde e liberdade dos cidadãos, utilizando para tal, p. ex., os modelos territoriais de análise espacial, habitualmente designados por SIG (Sistemas de Informação Geográfica).
6 - Que lugar recomendaria para saída de campo em Portugal? Porquê?
A tentação é convidar os colegas para uma visita ao Concelho de Anadia, onde resido e trabalho. Contudo, acho que em qualquer lugar de Portugal (incluindo as Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira) as paisagens são muito diferentes, e a relação entre as pessoas e a sua adaptação ao território em que vivem, é muito sui generis e variada, podendo facilmente ser traduzida em estudos e trabalhos do âmbito da Geografia. Não deixo passar a oportunidade para saudar os antigos e novos colegas, com um desejo de muita saúde.