# 38 Mariana Oliveira

Mariana Oliveira | Junho 2019 

Nome: Mariana Oliveira
Naturalidade: Guimarães
Idade: 41
Formação académica: Licenciatura em Geografia e Planeamento, Universidade do Minho; Licenciatura em Geografia, Universidade de Coimbra; Pós-graduação em Sistemas de Informação Geográfica e em Sistemas de Informação Geográfica Municipais
Ocupação Profissional: Técnica Superior Geógrafa na Câmara Municipal de Guimarães (SIG, Planeamento e Alterações Climáticas)
Outros: Integra o Conselho Especializado para as Alterações Climáticas da Estrutura de Missão Guimarães 2030

1 - Comentário a um livro que o marcou ou cuja leitura recomende
O Velho e o Mar, obra onde Ernest Hemingway, de forma absolutamente cativante e aparentemente simples, apresenta a constante luta entre a natureza e o homem, que é, afinal de contas, a batalha do nosso dia-a-dia. Desta obra repleta de metáforas, retirei um ensinamento que me tem servido nas minhas reflexões pessoais e profissionais: a natureza ensina-nos a respeitá-la e a ser mais humanos.

2 - Que significado e que relevância tem, no que fez e no que faz, assim como no dia-a-dia, ser geógrafo?
Sou geógrafa sem saber desde a barriga da minha querida mãe, por herança genética do meu avô materno Salvador, eterno interessado em Geografia e História. Quando tive o primeiro contacto com a ciência (7º ano de escolaridade), soube, desde logo, que ser geógrafa era o meu destino, a profissão que iria abraçar no futuro e por uma vida.
Identifico-me como uma geógrafa com grande predileção pelas questões ambientais e baseio, sempre que possível, a minha ação na natureza, pois considero que é nela que temos as melhores e mais perfeitas respostas para os nossos problemas. Este ensinamento tento passá-lo para os meus filhos, e é com um orgulho muito grande que vejo os genes da geografia a tomarem conta do meu mais crescido, o Salvador!

3 - Na interação que estabelece com parceiros no exercício da sua atividade, é reconhecida a sua formação em Geografia? De que forma e como se expressa esse reconhecimento? 
Tive a sorte de ingressar numa Câmara Municipal que há 17 anos atrás já tinha nos seus quadros uma geógrafa e que reconhecendo a importância da Geografia integrou, no processo da primeira revisão do PDM de Guimarães, um geógrafo com a notoriedade de Álvaro Domingues, num claro reconhecimento do papel do geógrafo na autarquia.
Da minha experiência profissional, fazendo parte de uma equipa multidisciplinar reconheço uma valorização das minhas competências enquanto técnica de SIG, por ser uma área com muitas potencialidades, mas ainda pouco explorada por outras áreas afins. Paralelamente, no meu quotidiano no serviço de planeamento, inicialmente senti pouca sensibilidade para a temática da proteção do ambiente, que eu tentei entusiasticamente contrariar pela constante inclusão das variáveis presentes no sistema ambiental nos nossos trabalhos. Hoje considero que dei um contributo para uma abordagem geográfica de cariz mais ambiental e tenho noção que graças ao reconhecimento desse trabalho, tenho integrado projetos que me realizam profissionalmente. 

4 - O que diria a um jovem à entrada da universidade a propósito da formação universitária em Geografia, sobre as perspetivas para um geógrafo na sociedade do futuro? E a um geógrafo a propósito das perspetivas, responsabilidades e oportunidades?
Considero que os principais desafios do presente e do futuro exponenciam a importância da compreensão global do sistema terra. Aqui, a ciência geográfica é exímia e o papel do geógrafo é determinante. 
Na minha perspetiva, a Geografia do futuro deverá reforçar a componente socio-ecológica dos territórios, no sentido de poder contribuir para a “construção da nossa casa comum”, tal como foi enfatizada na Carta Encíclica Laudato Si' do Papa Francisco. 
Aos jovens geógrafos diria o que disse a todos os estagiários de Geografia que passaram por mim: nunca desperdicem oportunidades de conhecimento (geográfico, mas não só) e, acima de tudo, procurem as oportunidades. Será sempre um degrau que sobem até a porta se abrir! Uma vez a porta aberta, nunca descurem da vossa vocação geográfica, tenham uma atitude pró-ativa e continuem a agarrar oportunidades de conhecimento.

5 - Queríamos pedir-lhe que escolha um acontecimento recente, ou um tema atual, podendo ambos ser de âmbito nacional ou internacional. Apresente-nos esse acontecimento ou tema, explique as razões da sua escolha, e comente-o, tendo em conta em particular a sua perspetiva e análise como geógrafo.
Em vez de um acontecimento/tema, gostaria de me referir a uma personalidade muitíssimo marcante pelo que é enquanto ser humano e pela influência que tem em todo o mundo. Chama-se Greta Thunberg e é uma jovem sueca de 16 anos que inspirou um movimento global pelas alterações climáticas e que por causa disso está nomeada Prémio Nobel da Paz. A sua forma genuína e muito focada de expor aos líderes mundiais a falta de ação para um dos maiores problemas do nosso tempo, faz-me acreditar que a ampla consciencialização pública por ela gerada poderá dar um grande contributo para a resolução da crise climática.
De facto, a emergência climática que hoje vivemos requer atuação imediata. Os líderes têm de agir. As empresas têm de rumar para uma economia verde. Individualmente temos de mudar comportamentos, estilos de vida e hábitos de consumo. Concomitantemente, temos de estar preparados para os desafios da transição para uma sociedade pós-carbono.

6 - Que lugar recomendaria para saída de campo em Portugal? Porquê?
Como vimaranense que sou, só poderia recomendar a Cidade Berço de Portugal, Guimarães. Sugiro uma aproximação a Guimarães numa perspetiva de um passado tão cheio de história e de uma contemporaneidade harmoniosa entre a memória e a tradição, o homem e o meio. As mais recentes conquistas de Guimarães (especialmente, Património Cultural Mundial da UNESCO 2001, Capital Europeia da Cultura 2012, Cidade Europeia do Desporto 2013), associadas a uma acérrima estratégia municipal de defesa do património cultural, social e paisagístico e à instalação de funções de referência (nomeadamente dois campi da Universidade do Minho, Universidade das Nações Unidas, Casa da Memória de Guimarães, Centro Ciência Viva, Academia de Ginástica de Guimarães - Edifício Carbono Zero), têm contribuído para o reforço da sua autenticidade e marcam uma condição urbana muito singular e atrativa. Guimarães é uma cidade que preserva valores e princípios que, orgulhosamente, valorizamos e dedicamos nas nossas vivências.  Sentir a cidade conectada com as suas gentes e com a sua cultura é, certamente, o que levarão de mais significativo desta visita à cidade berço!