# 28 Anabela Boto
Anabela Gonçalves do Santos Varandas Boto
Natural da Maia, 52 anos.
Licenciada em Geografia pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.
Professora de Geografia no quadro do Agrupamento de Escolas José Estêvão -Aveiro.
Autora de diversos manuais escolares da Porto Editora, desde 1994 até esta data.
Formadora certificada pelo IEFP - Instituto do Emprego e Formação Profissional.
1 - Comentário a um livro que o marcou ou cuja leitura recomende
Sou uma leitora compulsiva. Os livros tornam-nos pessoas melhores, deixam-nos entrar na mente de pessoas que nunca vamos conhecer na vida, fazem-nos viajar e conhecer o mundo. Existem muitos livros que foram muito importantes em determinadas épocas da minha vida. Fugindo um pouco aos clássicos da Geografia, recentemente li a triologia do século de Ken Follett e gostei muito. Os três livros que retratam a vida de cinco famílias, uma americana, uma russa, uma inglesa e uma escocesa que se cruzam em vários momentos, ao longo de várias gerações. Para mim foi importante relembrar a reconstrução dos tempos e das mentalidades da época tendo como contextos os principais acontecimentos históricos que marcaram o seculo XX.
2 - Que significado e que relevância tem, no que fez e no que faz, assim como no dia-a-dia, ser geógrafo?
O geógrafo observa o território de uma forma crítica, articulando diversas áreas de conhecimento. É difícil mas é isso que produz um olhar diferente.
Ser geógrafa permite, frequentemente, aceder ao conhecimento sobre os vários fenómenos geográficos e compreendê-los melhor. Por conseguinte, tenho uma maior facilidade em transpô-los para três realidades diferentes mas complementares: duas mais formais – a elaboração de manuais escolares com a equipa que integro e a sala de aula com os meus alunos – e uma menos formal que se consubstancia em conversas informais nas interações sociais.
3 - Na interação que estabelece com parceiros no exercício da sua atividade, é reconhecida a sua formação em Geografia? De que forma e como se expressa esse reconhecimento?
Com efeito, na interacção que estabeleço com os parceiros -quer estes sejam professores quer estes sejam discentes – é observável o domínio do saber geográfico, já que esta interação pressupõe a discussão de uma miríade de assuntos atinentes à Ciência Geográfica.
O reconhecimento do domínio supracitado é visível na constante troca de ideias e no frequente modo como sou consultada por outros.
4 - O que diria a um jovem à entrada da universidade a propósito da formação universitária em Geografia, sobre as perspetivas para um geógrafo na sociedade do futuro? E a um geógrafo a propósito das perspetivas, responsabilidades e oportunidades?
O conselho primordial prender-se-ia em torno da vocação. Aos meus alunos do secundário, na primeira aula, apresento com alguma frequência o famoso discurso de Steve Jobs, enfatizando a ideia que: “Cada um tem de encontrar o que gosta. O trabalho vai ocupar uma grande parte da vida e a única maneira de estar verdadeiramente satisfeito é fazer aquilo que acreditamos ser um ótimo trabalho”.
Explicava que apesar da profissão do Geógrafo ser pouco reconhecida, porém o seu trabalho é secular e permanente. Estes jovens passarão a integrar uma comunidade científica que perante os grandes problemas que ameaçam o equilíbrio do nosso planeta como o aquecimento global, a sobreexploração dos recursos naturais as migrações das populações as grandes desigualdades sociais, entre outros, têm a oportunidade de intervir, de investigarem as causas e procurarem soluções que possibilitem a sua mitigação.
5 - Queríamos pedir-lhe que escolha um acontecimento recente, ou um tema atual, podendo ambos ser de âmbito nacional ou internacional. Apresente-nos esse acontecimento ou tema, explique as razões da sua escolha, e comente-o, tendo em conta em particular a sua perspectiva e análise como geógrafo.
Os incêndios. Nos últimos anos os incêndios florestais nas regiões mediterrâneas ou em regiões com climas secos e quentes, têm vindo a agravar-se. Os incêndios florestais associados às alterações climáticas, provocam danos ambientais, económicos e outros, com consequências por vezes irreparáveis para a sustentabilidade do nosso planeta. Como docente tenho o dever de consciencializar e alertar os jovens para este tema atual e muito importante.
6 - Que lugar recomendaria para saída de campo em Portugal? Porquê?
O trabalho de campo é essencial e indispensável diria mesmo, para a formação de um geógrafo. No planeamento de um trabalho de campo temos que ter presente o objetivo.
Recomendo uma saída de campo pela cidade de Aveiro, onde resido, percorrendo todo o Half-delta de Aveiro, também chamado de uma forma incorreta Ria de Aveiro. A partir desta área lagunar, multiplicaram-se um conjunto de setores indispensáveis ao desenvolvimento sustentável da região.